Constituído em 2009, o grupo criado pelo governo para tentar localizar restos mortais de desaparecidos políticos que atuaram na Guerrilha do Araguaia considera ter identificado seu principal achado na região numa expedição no início deste mês.
Os integrantes do Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) recolheram uma ossada na entrada do cemitério de Xambioá, num local conhecido como Área do Cimento, onde foram desenterrados os dois únicos guerrilheiros identificados até hoje: Maria Lúcia Petit, em 1996, e Bergson Gurjão Farias, em 2009.
A expectativa do grupo é reforçada pela localização também, junto com essa ossada, de duas ampolas, com conteúdo líquido no interior, e um frasco. As ampolas são tratadas como evidências de que podem ser do pessoal da guerrilha porque era um grupo de guerrilheiros que cuidava da saúde da comunidade local. Todo esse material – incluídos os restos mortais – está em análise no Instituto Médico Legal (IML) de Brasília e na Polícia Federal.
O assunto está sendo tratado a sete chaves dentro do governo. A presidente Dilma Rousseff é avisada de cada passo da apuração. Integrantes do GTA confirmaram que se trata de um "achado relevante", mas evitam declarações para não gerar expectativas em familiares daqueles ativistas políticos.
A hipótese que se trabalha é que as ampolas estariam em poder do suposto guerrilheiro localizado. Naquela época, em 1972, os primeiros comunistas mortos eram enterrados imediatamente, sem maiores averiguações. Era um período de confronto dos guerrilheiros com as primeiras levas de soldados. Não havia presença de equipes de inteligência.
Além da ossada e de todo o material recolhido, o que pode definir se, de fato, trata-se de um ex-combatente do PCdoB são os dados antropométricos, exames de DNA e histórico pessoal. Naquela região, o grupo da guerrilha atuou com 14 militantes, que podem até estar enterrados ali, conforme relatos históricos.
Diva Santana, da Comissão de Mortos e Desaparecidos e representante de familiares no grupo, afirmou que os restos mortais encontrados são evidências fortes, mas que precisam ser investigadas."São dados fortes. Trata-se de restos mortais do período da guerrilha e que foram encaminhados para exame pericial. É preciso aguardar a investigação", afirmou Diva.
Criado como Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), a expedição, a partir deste ano, mudou de nome e passou a se chamar Grupo de Trabalho Araguaia (GTA). A coordenação, antes restrita ao Ministério da Defesa, passou a ser também do Ministério da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos. A formação do grupo e a busca de informações sobre os paradeiros dos desaparecidos se deram após uma determinação judicial da juíza Solange Salgado. Nesta segunda-feira, iniciou-se a oitava expedição desse grupo ao Araguaia, desde 2009.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=162759&id_secao=1
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