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Ato exige a anistia para os camponeses do Araguaia

Lideranças do PCdoB lembram os 39 anos da guerrilha


Samir Oliveira

Ao completar 39 anos em abril deste ano, a guerrilha do Araguaia foi lembrada na segunda-feira por militantes e lideranças do PCdoB. Um evento em Porto Alegre reuniu integrantes da direção nacional do partido, que iniciou o movimento revolucionário a partir de 1967 - mas a data usada como referência para o começo dos combates armados é 12 de abril de 1972.

O ato político realizado na Faculdade de Direito da Ufrgs exigiu o pagamento de indenizações aos camponeses que vivem na região do Xambioá, no Norte do Tocantins, próxima às cidades de São Geraldo do Araguaia. O local foi palco das batalhas entre os cerca de 70 guerrilheiros do PCdoB e o Exército Brasileiro entre 1972 e 1974.

No contexto da guerra que se instalou na região, muitos dos camponeses nativos, que mantinham vínculo com os guerrilheiros, foram presos, torturados e tiveram suas propriedades queimadas pelos militares.

Em setembro de 2009, uma liminar do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) suspendeu a anistia que o então ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), havia concedido aos afetados pela operação.

O integrante da direção nacional do PCdoB e ex-deputado federal Aldo Arantes recriminou as Forças Armadas e disse que foi realizada uma "operação limpeza" na região da guerrilha do Araguaia para eliminar os cadáveres assassinados dos combatentes.

"A democratização ainda está para chegar nas Forças Armadas", lamentou. Ele prega que as instituições militares reconheçam "que houve um golpe militar, não uma revolução" e disse que a data não pode ser comemorada nos quartéis do Exército.

Representando o governador Tarso Genro (PT) no ato, seu chefe de gabinete, o petista Vinícius Wu, lembrou da atuação de Tarso no Ministério da Justiça (2007-2010). Na época, ele chegou a defender a revisão da Lei da Anistia para que fosse possível responsabilizar judicialmente os agentes do Estado que torturaram durante a ditadura militar (1964-1985).

"Sofremos ataques de uma parcela das Forças Armadas que insiste até hoje em tomar para si o direito de tutelar nossa democracia", acusou Wu, que assessorava o então ministro na ocasião. Ele acredita que o País precisa fazer "um ajuste de contas com o seu passado" e observou que o Brasil é a nação que menos avançou na América do Sul em termos de resgate histórico e de reparações referentes ao regime militar.

"Essa população foi a única do Brasil que ainda não foi reparada pela anistia concreta, devido à ação de forças reacionárias que ainda estão atuantes", criticou o presidente do PCdoB no Rio Grande do Sul, Adalberto Frasson.

O deputado federal comunista Assis Melo considerou que a democracia brasileira ainda está engatinhando. Nesse contexto, ele avalia que "relembrar a guerrilha é não deixar que o País retroceda a esse tempo".

Para a secretária estadual do Turismo, Abgail Pereira (PCdoB), a trajetória do seu partido se confunde com a história do Brasil. "Nos enche de orgulho saber que nosso povo não se abaixou, seja para os militares, seja para os imperialistas", recordou.

A deputada federal Manuela d'Ávila (PCdoB) - que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal - apontou a necessidade de se aprovar o projeto de lei que tramita na Casa e cria a Comissão da Verdade.

O colegiado, composto por sete integrantes nomeados pela presidente Dilma Rousseff (PT), seria responsável por apurar os crimes cometidos pelo governo brasileiro durante a ditadura militar.

"A suspensão da indenização aos camponeses do Araguaia é a prova de que precisamos estabelecer a Comissão da Verdade", defendeu.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=61242

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